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Onde está a nossa consciência?

por Nathani Paiva publicado 20/11/2017 12h41, última modificação 20/11/2017 12h41
Uma reflexão para o Dia da Consciência Negra

A epístola escrita por Paulo a Filemom é base para a nossa reflexão acerca do Dia da Consciência Negra, 20 de Novembro. Tal data foi escolhida tendo como referência o dia em que morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, bem como da luta por direitos que seus descendentes reivindicam até hoje.

Sabemos que a escravidão em nosso País foi abolida há mais de cem anos (1888), entretanto, ainda nos chegam casos de pessoas feitas escravas em carvoarias, fazendas, confecções clandestinas, entre outras. Não bastasse isso, pessoas são escravizadas dentro de suas próprias casas em relacionamentos doentios. Outros escravizados pela tecnologia, pela mídia, pela religião de mercado, etc.

Assim, a partir da postura de Paulo frente à escravidão, algo que não era raro em seu tempo, propomos refletir acerca deste tema.

Paulo intercede nesta carta por Onésimo, escravo de Filemom que havia fugido de suas posses, e, sendo preso, acaba por ter um encontro com Paulo e, consequentemente, com o Evangelho libertador de Cristo.

No início de sua carta a Filemom, Paulo exalta a vida de comprometimento de Filemom com o Evangelho de Cristo e suas contribuições para que o mesmo alcançasse a cada dia mais vidas (versículo 5).

Após tecer elogios a Filemom, Paulo fala de seu “filho gerado nas prisões” (versículo 10), Onésimo. De “inútil”, Onésimo é tratado por ele como alguém que, após passar pela experiência do novo nascimento, útil a causa do Reino. Paulo deseja mantê-lo com ele, mas sabendo que Onésimo pertencia legalmente a Filemom, envia-o de volta solicitando que este seja recebido não mais como um escravo, mas como um irmão (versículo 16).

Paulo apela para a sua amizade com Filemom e está disposto a pagar qualquer prejuízo causado por Onésimo para que este deixe a sua condição de escravo. Assim como Filemom expressa em sua vida sua obediência a Cristo e sua causa, Paulo confia que ele obedecerá a seu pedido (versículo 21).

Sendo alguém liberto por Cristo da escravidão do pecado e da morte, não seria plausível que Filemom libertasse a todos e todas aos quais ele mantinha como escravos? Assim, ao refletirmos acerca deste episódio bíblico, podemos considerar o fato de que ser cristão não nos impede de cometer erros para com Deus e o nosso próximo. Nossas ações devem ser continuamente pautadas no Evangelho de Cristo de maneira que não o usemos somente enquanto este nos beneficia.

O que seria de Onésimo se este não tivesse encontrado a Paulo e a ele fosse apresentado o Evangelho de Cristo? Isso nos leva ao desafio de levar a Palavra de Deus às pessoas que hoje se encontram escravizadas e intercedermos por elas a fim de que sejam plenamente libertas de todas as amarras.

Paulo se oferece para pagar o que fosse necessário para que Onésimo fosse liberto da escravidão. E nós? Estamos dispostos a pagar o preço para que vidas sejam libertas? Nosso discurso é deveras bonito quando falamos que vidas precisam ser libertas, mas quando tal discurso passa pelas nossas finanças, ele já não nos parece tão atrativo. É necessário que invistamos na libertação das pessoas, mesmo que isso nos leve parte de nossos recursos.

Que o Senhor Jesus, aquele que nos libertou plenamente, seja o árbitro em nossos corações e mentes de maneira que não limitemos nossas ações para que vidas sejam alcançadas pelo Evangelho de Cristo e por ele libertas.

Deus nos abençoe.

Um grande abraço,

 Pastor André Luís Noé

Pastoral Universitária e Escolar

Universidade Metodista de Piracicaba